quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Indagando por conselhos estéticos

Leitor X
escreveu-me indagando por conselhos estéticos. Oh rapaz tolo de alma pueril que deveria saber que em arte não se pede conselhos. Em arte quando mais pura se tenta fazer a sintaxe mais se enlameia a reputação do artista. Á humanidade o artista é um louco que deveria estar fazendo alguma coisa de útil, por exemplo, vestir-se de São Francisco é mais nobre aos olhos dos outros que fazer um poema que traduza o olhar de um pobre na hora de sua morte pela fome.
Para a humanidade o artista é um escroque um vagabundo que não faz nada enquanto a humanidade se cansa de fazer alguma coisa do qual não se sabe para que. Ah! Lembrei-me: sobrevivência.
Para a humanidade um agente da Gestapo é mais nobre que um artista, pois em sua vestimenta ele une praticidade e beleza, enquanto o artista une para qual utilidade?
Á humanidade o bom artista forma-se em grupos que legitimarão sua arte mesmo que discutível. Pelo menos, enquanto aquele grupo durar a arte daquele sujeito estará garantido. A outra coisa que o artista deve sempre oferecer no bojo da sua estética que é a esperança. Esse conselho é fatal. Quanto à esperança o artista não precisa ficar fazendo elucubrações. É transporá ali que alguém perceberá a utilidade de sua imagem.
Outro elemento de importância ao artista é uma musa ou um mancebo para que os futuros usufruídos sintam as dores que o artista não teve. Ao transpor o modelo não importa se universal ou particular, mas o grau de emoção que usufruirão daquele objeto a ser contemplado. Use também uma pequena perversidade que são as crianças e crianças. Elas demonstram o quão preocupado é que a humanidade além de tema sutil à esperança.
Se o elemento a ser retrato for sério use certo hermetismo na forma, mas não exagere senão terminará lendo a você mesmo.
Se for retratar a província tome cuidado com os transeuntes que nela habita, pois querem que retratem todas suas vaidades peculiares neles, mas, não use defeitos. Os transeuntes de sua cidade são uns pobres diabos, uns mortais que labutam durante a semana para sofrerem recriminações inúteis que servem apenas para criar desacordos.
Nunca espere nenhum ganho com isso, os empresários esperam reembolso dos seus investimentos, quando sua arte tiver dado lucro então o empresário lhe dará alguns trocados. Isso somente nos melhores casos, pois queiram que você garanta que o investimento dará algum retorno.
Se a posteridade for causa de preocupação, então amigos se fazem instrumento necessário, pois, uns dois teceram alguns comentários após a sua morte para que esse esforço tenha sido algo de útil embora ninguém possa lhe garantir que você estará ali consciente para comprovar.
Se tiver pensando em refugiar-se em alguma Intifada não o recrimino além de estar comprimindo papel social estará conquistando vários desses itens com mais garantia que eu em meus parcos conselhos.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

solidão de um poeta

Nada exaspera mais que a solidão de um poeta após o conubio com sua arte. Eles fazem isso como punição.

palidez da lua

A palidez da lua apenas nos demonstra o papel ridículo da poesia. A poesia cabe então como meta a superação da palidez da lua.

silêncio em sua sabedoria inexorarável

Somente o silêncio em sua sabedoria inexorarável nós ensina como um bom pedagogo. O resto são discussões e conjecturas pedagógicas e perfumaria.

Lição da realidade

A realidade apenas nos demonstra que estamos inexoravelmente condenados à realidade que essa não nos suplica, mas apenas sugere nossa finitude.

falo inexoravelmente

Dizem que eu falo inexoravelmente que não escuto os meus semelhantes. Eu pergunto a esses semelhantes naquilo que eles afinal ouvem. Será que ouvem esses gritos desesperados que se dissipam nos cantos dos pássaros?

Shaskespeare e o fagote

A melhor e locução de Shakespeare não resiste ao gracejo de um fagote.